23 de jan. de 2011

O SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO- Parte 2de3




 Autor: SÉRGIO LIMA YPIRANGA DOS GUARANYS*
Capitão de Mar e Guerra (Refo)


CONFIGURAÇÃO DO SUBMARINO NUCLEAR



Os mesmos componentes adquiridos hoje sem restrições devido a se
destinarem a convencionais estão sujeitos a ser restritos pelo Comitê
de Controle do Comércio de Materiais Sensíveis. Conseguimos contornar
objeções em estabilização espacial, em levitação e noutros materiais
de ponta. Essa atuação norte-americana incomoda, mas não impede nosso
acesso global, embora permaneçam em vigor licenciamentos e
impedimentos de produtos americanos. Conseguem dificultar acesso a
produtos de outros países quando estes estejam desfrutando licença
americana. As regras de guerra limitada são as mesmas no econômico e
em qualquer dos campos. Lados opostos não usam as últimas armas porque
já estaria ridículo o valor da vitória. Neste momento, temos ajuda da
crise financeira à premência dos fabricantes venderem seus produtos e
da redução da veemência americana no comércio dos demais países. O
Comitê está mais tolerante e sabe que o mesmo estabelecimento bélico
industrial que força de modo ostensivo o orçamento de casa a sustentar
duas guerras e liderança bélica mundial pode silenciá-lo
discretamente. Quando muito conseguirá recusar alguma venda americana,
mas sem poder para impedir aquisições noutros países. Cada vez que
descobre avanço técnico de um país antes prejudicado por ele, sofre
convicção de não haver antecipado a iminência de tal progresso, caso
em que não “ajudaria” o avanço nem a independência e, sobretudo, não
frustraria esforço vendedor feito por uma empresa americana.
O primeiro SNB não será lançador de mísseis intercontinentais porque
não convém possuí-los antes de dispormos de rede orbital de
vigilância, embora a Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM)
possua estabilização de seis minutos de arco e um míssil balístico
intercontinental se contente com oito. Será submarino de ataque tão
pequeno quanto nossa tecnologia conseguir. Terá o diâmetro do casco
definido somente quando o reator estiver definido. O reator dele não
existe ainda. Aceitamos pesquisá-lo e produzi-lo.

Equação condicionante – reator e variáveis




O reator é a primeira dificuldade do SNB porque tem de caber dentro do
casco; o tamanho do reator define o tamanho do casco. O tamanho do
casco e a velocidade do SNB definem a potência do reator. A velocidade
útil é função do alcance dos sensores, cuja metade é igual ao trecho
percorrível em segurança. A carga de combustível do reator é
determinada pelo Comando de Operações Navais (CON) ao decidir o
trabalho realizável por ela, ao fim do qual estará exaurida. Esta
decisão é expressa pelo menor intervalo de tempo em que o CON não
deseja retirar de serviço o SNB para faina de recarga. O CON estipula
a autonomia da carga. A carga é um estoque de fissões que é declarado
inútil quando a distribuição dos núcleos ainda físseis ou a escassez
deles ficar insuficiente para sustentar a reação em cadeia. A
determinação do CON é vista como orientação para o Centro Tecnológico
da Marinha em São Paulo (Cetemsp) dimensionar a carga em peso que
garante ciclo operativo conveniente à defesa do País.

Tamanho


O menor diâmetro do casco tem de abranger: o vaso do reator; a
diferença de alturas entre a base do vaso e o topo da canalização de
água pressurizada suficiente para estabelecer convecção; o espaço
acima do vaso ocupado por barras de controle; geradores de vapor; o
topo da canalização de água reaquecida do pressurizador e a distância
aos lados internos do casco. Para fazer o menor casco para certo
reator é necessário arranjar e construir esses componentes para
caberem no menor diâmetro máximo do casco resistente.
Dependem de criação e experimentação a circulação de convecção e o
sistema de controle. Tenham ou não a melhor solução do mundo, essas e
outras tentativas acontecerão visando obter a arma da espécie
“submarino nuclear”. Pouco adianta interpretar exemplos de outros
países, pois em cada um deles foi desenvolvido um submarino com o
reator realizado antes. É possível confiar nos esforços indígenas mais
pela seriedade dos envolvidos que pelas descobertas técnicas. Caso
elas aconteçam, serão adotadas; caso não apareçam, é possível enxergar
cada posição de adotar o ponto obtido ou recusá-lo, prosseguindo em
tentativas. Seria péssimo adotar, com apoio na pressa ou no desânimo,
ponto sabidamente prematuro.
Lendo a variedade de grandes diâmetros dos nucleares atuais, é
possível afirmar vantagens de um diâmetro menor e também que ninguém
morrerá se não for obtido. Não contamos com modelo virtual porque não
tínhamos durante muito tempo o poder de computação exigido nem dotação
orçamentária para desenvolvê-lo. Caso avançássemos no caminho crítico,
havia perigo de jogar no lixo trabalho caro cada vez que o percurso
adotado desse errado. Hoje dispomos de um cluster hábil de
computadores e de dotação orçamentária, recém-estabelecidos. Estando
seguros de não infringir nossos limites de controle, podemos segmentar
os avanços no caminho crítico e adotar novo ramo paralelo para cada
impedimento surgido. Fazendo assim, não há controle sobre prazo mais
curto de conclusão nem sobre custo diminuído de cada segmento, mas é
antecipado o valor do prazo viável hoje e o do custo sem redução
visível agora. Ocorre a espera de conclusão das obras civis do
Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene), ao mesmo tempo que a
obtenção de mão de obra qualificada e o início de operação dele.

Potência



Se neste momento ignoramos o modo de prever exaustão de combustível e
também a queima dele regulada para potência significativa, não há
segmento de avanço. Felizmente não é o caso, mas insegurança para
adquirirmos essa ciência. A demora de avançar é didática, serve para
superar falta de mão de obra nova mediante alocação nova da mão de
obra curta. Aí vale reunião para escolher melhor o que será rejeitado,
as novas designações e escolha de despesas capazes de produzir
avanços. É inútil, embora tentador, manter valores de diâmetro,
estipular potência e velocidade de projeto, sem fazer tentativas
físicas. Consultas sobre tentativas, desde que precedidas da
advertência de verificação dos termos da resposta, são tão acessíveis
e baratas que não há justificativa para preteri-las. A estipulação da
potência depende do tamanho do reator e do tamanho do casco, também
dependente do reator, mas há alguma flexibilidade, embora seja regra
universal de projeto explorar máximos disponíveis. O reator teria
tamanho mínimo, condizente com velocidade de contrato e com intervalo
de recarga.


Carga



Um bom teor de enriquecimento será acima do valor que debitar com a
menor exaustão da carga, o número de fissões da potência requerida.
Hoje, o enriquecimento acessível ao Brasil está limitado a 20% por
decisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Esta taxa
foi aceita enquanto não tínhamos necessidade de maior, mas o Tratado
de Não Proliferação (TNP) não nos impõe tal limite. O TNP demorou
muitos anos para alcançar 40 signatários, número definidor da
aceitação dele. Foi redigido com o propósito de salvar a cara dos
americanos, enlameada em Hiroshima e Nagasaki, daí ser um texto
angariador de tolerância, inerme e ineficaz. Quando obteve 20 adesões,
ensejou o Acordo de Salvaguardas, com poder de imposição e a delegação
para a AIEA, também pendente de adesões. Os americanos contavam com
seu poder militar para assombrar os signatários pedidos pelo Acordo,
tendo uma série de surpresas com a cessação tácita de adesões. Por
diversos motivos nunca era situação favorável a indagarem de qualquer
país porque não aderira. Criaram o título de estados mendigos
imputável aos que manifestaram recusa e rejeição.
O Brasil foi coerente durante muitos anos com os Almirantes Otacílio
Cunha e Álvaro Alberto, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial
mostraram a inutilidade do Plano Baruch e nossa total independência em
matéria nuclear. Fomos o único país não nuclearizado a rejeitar o TNP,
posição conveniente para França, China, Rússia, Índia, Paquistão,
Japão e Alemanha perante os EUA. De repente um diplomata, sem qualquer
formação adequada, portanto sem fazer idéia do manejo da condição de
intervir em “segundo golpe” e do dano de ser forçado a ignorar
qualquer coisa, mormente arranjos nucleares, dispensou assessoramento
e convenceu um presidente a assinar a adesão ao TNP, materializando um
sonho americano. A partir daí a AIEA nos “proibiu” de ultrapassar 20%
no enriquecimento de urânio. A AIEA ganhou audácia, não despiu nossa
centrífuga, mas tentou, pressionou sem sucesso a assinatura de
Protocolo Adicional, que estabeleceria obrigações invioláveis e era o
maior sonho americano.
Pouca gente sabe que o TNP não pode impedir-nos de ultrapassar os 20%.
Caso desejemos empregar nossa sólida argumentação, enfrentaremos toda
sorte de pressões, mas podemos estatutariamente denunciar o TNP com
antecipação de 90 dias para efetividade, e devemos fazê-lo assim que
precisemos teor mais elevado. Ainda que não precisássemos de maior
teor, somos possuidores de uma das maiores quantidades de minério
barato, e logo estaremos vendendo combustível, obtendo receita
classificadora da economia total e de poder no mercado nuclear, fato
estimulador da remoção dos ridículos 20%. Dependendo de tirocínio
diplomático, a AIEA pode preferir considerar procedente nossa
argumentação e recusar nossa denúncia, dando-nos a condição de país
nuclear desarmado, sonho brasileiro.
Temos o conforto de ter conhecimento para construir reator com
bastante potência, embora falte algum tempo para repetirmos produção
de carga com aumento de vida, desta vez capaz de durar 13 ou mais
anos. O reator definitivo será projetado somente quando a série de
experiências com o Labgene determinar forma e tamanho da nuvem de
nêutrons ao longo da faixa de potência debitada por ele. As
experiências gerarão séries de dados de quantidade e locais de fissões
e de queima de combustível em diferentes arranjos do núcleo segundo
teor, aglomeração, regime de produção, posição relativa ao fundo e ao
eixo do vaso; séries que permitam projetar reatores e medir desempenho
de cada projetado, independente de construí-lo.
Foi vedado nosso acesso a algum supercomputador, mas montamos um
cluster para nossas necessidades. Precisamos de velocidade de cálculo
provida pelo cluster porque a quantidade e a localização das fissões
são probabilísticas. A quantidade de operações para cobrir o intervalo
pesquisado é tão grande que não é possível descartar probabilidades de
obter ao acaso soluções de aspectos componentes antes de esgotar todos
os possíveis. É como procurar numa seqüência de fichas a que retrata
certo sítio. Tanto pode ser a primeira como a m-ésima ou a última. O
computador cessa a busca ao encontrar a solução compatível. Não
podemos decidir experimentar nível mais elevado de fissões a 4% nem
teor acima de 4% sem concluir grande quantidade de cálculos. O mundo
saberá imediatamente, após qualquer aumento em teor da carga de reator
brasileiro, que passamos a dispor de velocidade suficiente de cálculo.
Gastaremos vários anos para operar um reator de 50MW, embora já
tenhamos montado um vaso e um miolo. Falta carregá-lo com UO2
enriquecido, enchê-lo d’água e iniciar a reação em cadeia, cujos dados
de operação serão processados no cluster, produzindo orientação sobre
arranjo, quantidade e teor do combustível nuclear. Talvez consigamos
operar em 2011 o Labgene para fazer em três anos metade das corridas
pedidas, total que gasta um segundo Labgene, que leva 3,8 anos para
ficar pronto, portanto desnecessário para os seis anos do total de
corridas.




Caso os primeiros dados obtidos permitam definir se a seqüência de
arranjos produzirá certezas antes de fabricado outro reator, não será
feito outro reator para experiência. A mera elevação de um ponto
percentual no teor da carga enfrenta autorização da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CNEN) para acender a reação em cadeia, dependente
de provar que não surgirá aumento indevido, portanto descontrolado, de
potência. Ora, um reator de baixo teor também debita potência, move o
SNB, mas é mau negócio. A China teve um assim. Nossa capacidade atual
de calcular demanda vários anos de obtenção e processamento de dados
no Labgene. Haverá maior conforto de conhecimento quando projetarmos
reator conveniente para o casco que desejamos. Isso será possível
quando pudermos prever a carga de combustível necessária ao reator.
Se ocorrer exaustão do combustível durante o tempo de operação do
submarino, a MB terá espetacular decepção logística no caso de
imobilizá-lo para a faina de recarga. Contra decepção apenas cargas
americanas já superam mais de 30 anos de uso, outros países têm mais
um nuclear de ataque e mais um lança-mísseis além do mínimo das forças
previstas, destinados a comportar trocas de combustível nos reatores
dos demais.
Enquanto nossa força possuir apenas um nuclear, a carga dele deve
durar pelo menos oito anos, porque esse prazo permite operá-lo
bastante e, aumentando a probabilidade de uso hostil, trocar tão
rápido quanto viável a carga em uso por outra integral. A fim de poder
trocar carga rapidamente, o reator deve possuir sistema de abertura
conjugado com escotilha do compartimento dele no convés do SNB. Caso a
duração seja de quatro a seis anos, cada troca aumenta o risco de o
SNB não conseguir servir ao País porque cresce a freqüência de
inoperância.
A decisão de prosseguir desenvolvendo o nuclear deve encorajar a MB a
ter dois comportamentos: um para custear a etapa do desenvolvimento
capaz de dotar o País de submarino nuclear, outro de convencer o
Governo a destinar para submarinos nucleares a diferença entre o total
solicitado para o primeiro e o desembolso real. Segundo a execução
orçamentária atual, esse raciocínio é descabido, mas o modo de pedir
continuidade da dotação é declarar exatamente a diferença, citando
mérito das empresas envolvidas e mostrando dano devido ao desmonte dos
canteiros em cada local de produção de um componente. Não temos elenco
significativo de empresas envolvidas, mas devemos criá-lo, pois
associação com universidades tem efeito nacional favorável à MB muito
mediato. Empresas geram salários e consumo, universidades não geram.
Graças à qualificação das três propostas seguintes à vencedora da
licitação para o míssil Tomahawk e aos lotes comprados a elas, uma
delas construiu e repôs o estoque desse míssil após o Conflito de
Kosovo, cobrando menos para canteiros do que fora declarado na inicial
porque conservou a linha de produção. A vencedora já havia encerrado a
linha de produção e anunciado um preço gigantesco para restabelecê-la.
O motivo do segundo comportamento é explorar a conformidade, ocorrida
nos países que já possuem nucleares, com o tamanho grande deles. Sem
tal motivo não interessa procurar submarino mais barato, pois o mesmo
acréscimo de poder militar vai demorar mais tempo que o caro. Vale
encarar a demora porque é alta a probabilidade atual de sucesso,
baseado em controle por absorção de nêutrons da reação nuclear, mais
curto geometricamente e em circulação por convecção obtida com menor
altura.



A definição do reator sofrerá um processo iterativo conjugando casco
como alojamento e veículo do reator, elegendo a potência indicada e o
casco que cumpram a velocidade de contrato. Acarreta a do casco, mas
começa definindo reator ótimo segundo rendimento e exaustão, depois
por tamanho. O eventual saldo entre o total estimado e autorizado para
o primeiro submarino nuclear igual e outro mais barato serviria melhor
a uma fração de um segundo submarino. O sucesso altamente provável
contribuirá num submarino que periga só mergulhar após 2020.
Graças a essas dificuldades, convém pesquisar oportunidades módicas de
melhoras naqueles processos, em vez de recusar as pesquisas mediante
declaração de não serem comprovadas. Fixada a altura da convecção,
ficam definíveis o pressurizador e os geradores de vapor. Não é este
texto o lugar para descrever melhorias, mas serve para encarecer o
dever de tentá-las. Imagine a distância entre o protótipo do Labgene e
outro, cuja água deixe o vaso para um gerador de vapor em cima dele,
cuja saída de água, após perder calor, desça pela face externa do vaso
até regressar ao lado interno dele, exclusivamente acionada pela
convecção. Fazendo penetrarem as barras absorventes no gerador de
vapor, consegue ao mesmo tempo retirada total das barras, convecção
forte e, maravilha, diâmetro de casco como no Barracuda francês,
deslocamento imerso de 4.700 t. A movimentação das barras controla o
calor gerado, a circulação por convecção da água do vaso e a
circulação por condensação do vapor gerado. Barras mais fora geram
maior número de fissões, mais calor e convecção, mais vapor e mais
alimentação do gerador de vapor.
Um convencional não usa em operação sua velocidade máxima, aquela das
provas de mar, mas o nuclear abusa da dele porque leva a locais
seguros o seu volume indiscreto, porque permite trânsitos até então
inviáveis e porque não precisa repor tão cedo a energia consumida.
Quanto ao reator, que é encargo nosso, sem terminarem as pesquisas de
controle, de convecção e de locais das fissões, outros avanços do SNB
podem virar perda. Excetuado o reator nuclear com seus controles, que
expressamente não receberá apoio técnico francês, a totalidade do SNB
terá gerência, fornecimento e orientação de construção da França. Este
aspecto é confortador na medida em que dispensa a MB de fazer procura.
Ao mesmo tempo, é gerador de rigidez na medida em que, não havendo
outra diferença de configuração entre o SNB e o Scorpene além da
energia e da geração de oxigênio, a participação da MB na construção
do primeiro Scorpene forma gestão na construção dos demais e do SNB.
Nucleares providos de mísseis verticais têm diâmetro maior de casco
porque o conveniente aos mísseis é semelhante ao farto para o reator.
Nucleares antissubmarinos sem mísseis de lançamento vertical também
têm grande diâmetro, mostrando que, se tanto a convecção quanto o
controle pediam tal diâmetro, não valia a pena gastar em pesquisa para
reduzi-lo, a despeito daqueles prêmios. Apenas perante solução
simultânea dos dois problemas o diâmetro seria reduzido.
Não cessam pesquisas visando operação sob menor diâmetro decorrente de
arranjo dos trocadores de calor, pois prêmios envolvendo redução de
aspecto, de perdas hidrodinâmicas, de mínima lâmina d’água operativa e
mesmo de custo justificam a busca. Não existem ou são sigilosas as
relativas a controle e convecção.
É muito grande o prêmio para diálogo bem conduzido. O deslocamento do
submarino é função cúbica do diâmetro do casco; a superfície molhada
do submarino é função quadrática do diâmetro e lecionada aos
arquitetos navais como perda de velocidade. Dobrar o diâmetro
significa multiplicar por oito o deslocamento e por quatro a
superfície molhada. A falta de diálogo encobre outros prêmios,
inexistentes nos primeiros arranjos de combustível, arranjos que, uma
vez estabelecidos, petrificaram.


Os diversos vasos de reator tinham em comum a forma gorda de diâmetro
grande em relação à altura. Reduzia o risco de interrupção da reação,
melhorava a distribuição de locais das fissões, o que evitava ao mesmo
tempo pontos de alta temperatura e água menos quente do que possível
na admissão do trocador e, sobretudo, facilitava posição dos
trocadores de calor (geradores de vapor) mais alta que a pilha de
combustível. O calor produzido é maior quando a temperatura média da
água do vaso é maior. Houvesse prática de diálogo, a redução do risco
de falha nuclear (hoje medido pela base 10 elevada a menos 18), o
crescimento do teor de enriquecimento do combustível (já atinge mais
de 96%, embora baste muito menos), a redução da variação do teor nas
pastilhas (obtida mediante gasto de energia maior na agitação na
mistura) e a aproximação entre elementos vizinhos (instalados com
separação dita evitar colisões de nêutrons insuficientemente
moderados) talvez resultassem em vasos mais esbeltos. Muito
recentemente essa separação perdeu reputação com a mudança de forma
dos elementos de vareta para placa, aumentando a probabilidade de
encontro físsil. O espaço intermolecular descartava perda de colisões
devida a espaço entre varetas, mas arranjos de placas aumentam a
probabilidade de encontros justamente por oferecer mais núcleos que os
oferecidos pelas varetas distintas, ou seja, a ocorrência de trajetos
sem colisão é menor no arranjo de placas que no de varetas.
Mais que por encontro físsil, que é o gerador de calor, a razão entre
o volume das placas e o da água envolvente é maior que a razão entre o
volume das varetas e da água, isto é, será maior o aquecimento da
água, mantido o resto, que somente ocorreria mediante maior número de
fissões decorrentes de maior teor. Vasos esbeltos, que pareceram
vantajosos caso coubessem com seus periféricos em menor diâmetro de
casco, são mais úteis pela relação entre volume interno d’água e
número de fissões.
Pois é, há nucleares de ataque com dois reatores devido à potência
pedida e a discussões sobre infalibilidade ou regularidade do débito
do reator, motivo também proclamado para justificar energias e
propulsões alternativas. Instrutor que reprova semelhantes decisões em
verificações de instruídos determina adotá-las quando mais tarde, como
administrador, sente o peso de impor o risco, conforme retratado pela
variedade nos nucleares de configurações fartamente compostas. Dois
reatores extinguem a necessidade de acumulador de energia e o risco de
cloro no ambiente, onde a bateria é a excelência. Extinguem tanque,
rede de óleo diesel e risco associado de incêndio. Um só reator
extingue igualmente. No caso mais geral de haver um único reator,
basta haver pequeno turbogerador de CC que carregue sem pressa em
imersão bateria para emergência. A bateria alimentaria o MEP mediante
alternador apenas para mover o submarino até sair da área de operação
(20 horas a 2 nós). Há baterias muito mais compactas que as do Tikuna,
como a do torpedo Blackshark. Se o gerador de CC e a bateria são
mantidos no projeto a título de emergência, podem ser tão menores que
os de operação quanto for pedido pela distância do ponto afastado ao
ponto da avaria. Fim de bateria e gerador de CC grandes devolveriam ao
projetista o volume tomado hoje.


Aliás, num nuclear pode haver bateria sem que haja gerador de CC. O
Quadro de Força pode ter retificador suficiente para carregar em
imersão, portanto sem pressa e sem corrente elevada, a bateria citada
no parágrafo anterior. Tampouco se justifica MEP auxiliar, pois o
único MEP seria acionado pelo alternador acima citado com energia
convertida da bateria. Não precisa muita potência porque potência é o
cubo da velocidade. Corrente alternada, em vez da compulsória
contínua, trocaria alternador da instalação dominada por CC, por
dínamos ou retificadores para prover corrente contínua na instalação
dominada por CA, conforme conveniência local, sem sobra nem falta.
Aplicações de corrente alternada provêem tensões e freqüências
múltiplas e variáveis. A permanência de múltiplas fontes de energia
nos projetos decorre de desarmonia administrativa. Não serão as
pesquisas que possibilitarão dois reatores, pois a classe Victor russa
e a classe 093 chinesa os têm. A instalação não é CA porque os
projetistas ainda não se livraram da atuação de Hickover, que exagerou
em explorar o fato de estar na direção quando surgiu o Nautilus e cuja
morte marca o ingresso mais amplo de CA nos nucleares americanos. O
mundo quer tais nucleares, mas se conforma com os de reator singelo,
diâmetro grande, gerador de CC e até segundo MEP.
O reator produz vapor para turbo – geradores ou para turbinas de
propulsão. Essas turbinas serão superadas brevemente por motores
elétricos devido a vários fatores, como: menor preço, menos pessoal,
menos peso, menor risco ambiental dos condutores de eletricidade que
das canalizações de vapor, mais flexibilidade e menos ruído emitido. A
turbina de turbo gerador é mais eficiente que a de propulsão porque
dispensa redutor de velocidade para o propulsor rotativo. O redutor é
fonte de ruído. O vapor que iria para turbinas de propulsão rende mais
em turbinas de gerador. Necessidades de ar comprimido ou de pressão em
fluido hidráulico são atendidas também por compressores ou bombas
acionados por corrente alternada. Tipos especiais de corrente elétrica
são supridos por conversores locais ou por controle eletrônico atuante
em tomada comum da instalação geral.
O submarinista do nuclear explora velocidade mudando logo o volume
indiscreto, de onde cometeu indiscrição para outro local. Não convém
nuclear cuja velocidade seja da ordem de 25 a 28 nós, a mesma de um
convencional rápido, pois gastará uma hora ou mais para percorrer
metade da distância esclarecida, duração fértil para ingresso de
intruso nela. Desfrutasse 29 a 38 nós tal duração cairia para quarenta
e cinco minutos, muito mais segura. Navegar acima de 38 nós depende de
concluir esclarecimento tão amplo que cresce a probabilidade de
alertar algum estranho e continuaria a alertar mediante a fração
acústica da energia debitada. Obriga parada no trânsito e trecho
adicional de esclarecimento. A parada reduz a menos de 34 nós a
velocidade média.
O vapor gerado por trocador cujo primário é a água saída do reator tem
temperatura muito inferior à do vapor produzido pelas caldeiras
tradicionais. Isso criou nas instalações nucleares aversão enraizada a
perdas, banindo perda de altura na admissão do trocador de calor. Têm
surgido arranjos de combustível voltados a obter maior temperatura.


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